Alívio
Eu desço pra mais uma dose, um pouco mais de
fumaça.
Enquanto você sonha não sou capaz de grudar os
olhos.
E são tantas as palavras escapando que não posso
segurá-las.
Enfim, o que sou eu e essas bobagens, com tanta
dor espalhada pelos cantos?
O que são minhas lágrimas mudas por não me
aceitares quando jorra sangue dos olhos de inocentes?
Não é nada, logo passa. Logo você olha pro lado,
e agradece pelo milagre da vida, tão maior que essa bobagem que você sente. Por
sentir-se só.
Apenas por
sentir um pouco de solidão. E quando você realmente pensa, olha de novo,
pro lado, logo ali, tão perto. E vê a dor do outro, tão maior que a sua. Tão infinitamente
mais penosa que essa alucinação de tristeza que você sente.
Então acorda feliz. Não dorme, mas sente aquele
alívio por todos estarem vivos. Nem tão sãos, mas vivos.
Caminhem pra luz, pequenas crianças.
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