Remexendo em meus guardados, achei uma seleção que intitulei "continhos". Cometi o erro de não anotar o nome do autor, e agora não o sei para lhe conceder os créditos. Mas vale muito ler. Então, eis-lo aqui.
"A promessa
Lábio-me com seu beijo,
esquecendo as infelicidades polvilhadas por um deus sádico, ventre-me com o
desvelo mais generoso, alma-me de nós penetra, de alvos murmúrios e sons de ódio,
o dia mesmo.
Quantos dois de um outro, quase impossível acreditar num verbo tão
impotente, amar. Co(r)pos esparramados pelo púlpito, padre a observá-los numa
frenética busca pelo onipotente, alcorão aberto enquanto Minotauro usando de
seu fio, Ariadne encara, mãos clitóricas a despejar meneios de algodão, flácida
dor de encantos num voo trêmulo rumo ao filho impossível, dono de nós, putas
rejeitadas, coroinhas indecentes, bispos panteístas, meu latim arrogante para a
boca sedenta de novos sêmens, travesti onírico para as fomes de todos os
buracos, enquanto nos transbordamos deste sangue virginal que usamos para
brindar à Baco e comemos da sua carne, minha querida, fonte incessante para meu
canibalismo, então poderemos estar juntos, um dentro e outro, fora, numa dança
para a remissão dos instintos que escondemos até hoje, quando tudo se
modificou.
Amém."